Durante a temporada de Imposto de Renda, surgem muitas dúvidas sobre como declarar opções ao Fisco de maneira correta. Afinal de contas, ninguém quer ter problemas com a Receita Federal. 

Pensando nisso, o InfoMoney reuniu as principais informações para lhe auxiliar a declarar esse investimento de forma correta no Imposto de Renda 2025. Confira a seguir.

Quem precisa declarar opções no IR 2025?

Se você se enquadra em alguma das obrigatoriedades determinadas pela Receita Federal para o IR 2025, precisará declarar opções no seu ajuste anual.

Quanto aos critérios relacionados a investimentos, quem vendeu mais de R$ 40 mil em ativos na bolsa, ou fez vendas sujeitas à tributação, já é obrigado a declarar o IR. No caso das opções, é preciso declará-las independentemente do resultado das operações (se lucro ou prejuízo).

Posse das opções

Se você apenas comprou opções (de compra ou venda), o custo de aquisição das opções de mesma série é calculado pela média ponderada dos prêmios unitários pagos e ainda não exercidos em 31/12/2024 (custo de aquisição de cada opção).

Portanto, caso o contribuinte tenha terminado o ano sendo titular (detentor) de opções de ações, deverá registrá-las assim:

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  • ficha “Bens e Direitos”, no grupo “04 – Aplicações e investimentos”, com o código “s04 – Ativos negociados em bolsa no Brasil”;
  • No campo “Discriminação”, deverá ser informada a quantidade de opções que tinha em 31/12/2024, seu código, série, data de vencimento e o custo de aquisição, obtido pela média ponderada dos prêmios pagos. Para o titular da opção, o valor do prêmio é o custo de aquisição.

Caso as opções sejam de séries e vencimentos diferentes, deve ser criado outro item na DIRPF (Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte) seguindo a mesma lógica.

Negociação das opções

No caso de negociação da opção, o custo de aquisição e o ganho líquido vão depender da posição do investidor e do tipo de operação.

Considerando exercício de opções de compra:

> Titular de opção de compra (comprador)

Segundo a Receita Federal, o custo de aquisição é o preço de exercício do ativo acrescido do valor do prêmio pago.

Considera-se preço de exercício o valor de compra do ativo acordado para liquidação da operação.

Já o ganho líquido é a diferença positiva entre o valor de venda à vista do ativo, na data do exercício, e o seu custo de aquisição.

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Se a venda ocorrer depois da data do exercício, o ganho líquido será a diferença positiva entre o valor recebido pela venda do ativo e o custo médio de aquisição, apurado conforme estabelecido para o mercado à vista.

O exemplo abaixo consta no arquivo oficial de Perguntas e Respostas do IR de 2023. Considerando que as regras para declarar opções não mudaram, podemos utilizá-lo para a declaração do IR 2025. Acompanhe.

Exemplo:

O investidor adquiriu opção de compra de 10 mil ações K, pagando o prêmio total de R$ 10 mil, com vencimento para 60 dias e ao preço de exercício de R$ 10 por ação K.

No vencimento, estando o preço de mercado da ação K acima do preço de exercício (acima de R$ 10), o investidor decidiu exercer a opção, com ordem de venda à vista das 10 mil ações K.

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A venda à vista totalizou R$ 130 mil, enquanto o preço de exercício totalizou R$ 100 mil.

Desconsiderando a corretagem e outras despesas, fica assim: 

Valor recebido da venda à vista do ativo: R$ 130.000

Custo de aquisição da operação:

Valor do prêmio pago: R$ 10.000

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Preço de exercício pago: R$ 100.000

Custo total: R$ 110.000

Ganho líquido (R$ 130.000 – R$ 110.000): R$ 20.000,00

> Lançador de opção de compra (vendedor) 

Segundo a Receita Federal, o custo de aquisição:

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1) para o lançador coberto é o custo médio de aquisição do ativo conforme estabelecido para o mercado à vista;

2) para o lançador descoberto é o preço de aquisição do ativo objeto do exercício.

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O ganho líquido é a diferença positiva entre o preço de exercício do ativo, acrescido do valor do prêmio recebido, e o seu custo de aquisição.

Neste caso, considera-se preço de exercício, o valor de venda do ativo acordado para liquidação da operação.

Considerando exercício de opções de venda:

> Titular de opção de venda (vendedor)

O custo de aquisição é o custo médio de aquisição do ativo acrescido do valor do prêmio pago. O ganho líquido é a diferença positiva entre o preço de exercício do ativo e o seu custo de aquisição.

Veja abaixo o exemplo compartilhado pela Receita Federal no arquivo oficial de Perguntas e Respostas 2023 – item 687:

Exemplo:

O investidor adquiriu opção de venda de 20 mil ações K, pagando o prêmio total de R$ 20 mil com vencimento para 60 dias e preço de exercício de R$ 10 por ação K.

No vencimento, estando o preço de mercado da ação K abaixo do preço de exercício (menos R$ 10), o investidor decidiu exercer a opção, mediante ordem de compra no mercado à vista das 20 mil ações K.

A compra à vista totalizou R$ 160 mil, enquanto o preço de exercício totalizou R$ 200 mil.

Fica assim, sem considerar a corretagem e outras despesas:

Valor recebido (exercício da opção): R$ 200 mil

Custo de aquisição da operação:

Valor do prêmio pago: R$ 20.000 

Compra à vista do ativo: R$ 160.000

Custo total: R$ 180.000

Ganho líquido (R$ 200.000 – R$ 180.000): R$ 20.000. 

> Lançador de opção de venda (comprador) 

O custo de aquisição é o preço de exercício do ativo, diminuído do valor do prêmio recebido. Considera-se preço de exercício o valor de compra do ativo acordado para liquidação da operação.

O ganho líquido é a diferença positiva entre o preço de venda à vista do ativo, na data do exercício, e o seu custo de aquisição.

Se a venda ocorrer depois da data do exercício, o ganho líquido é a diferença positiva entre o valor recebido pela venda do ativo e o custo médio de aquisição, apurado conforme estabelecido para o mercado à vista.

Se não ocorrer o encerramento ou exercício da opção, o valor do prêmio recebido constitui ganho líquido para o lançador.

Adicionalmente, o prêmio somente constitui ganho para o lançador e perda para o titular na data do vencimento da opção.

Dessa forma, para fins de apuração do ganho líquido e pagamento do imposto, o investidor deve sempre aguardar o encerramento da posição ou data de exercício da opção, pois somente então conseguirá ter clareza sobre o ganho/prejuízo obtido.

Por consequência, quando da abertura da posição (seja pelo titular ou lançador), não há que se falar em pagamento de imposto.

Por fim, na declaração as informações de lucros e prejuízos das negociações devem ser  feitas:

  • na ficha “Renda Variável”, em “Operações Comuns / Day-Trade”, sempre separado ganhos e perdas de operações comuns das operações day trade;
  • Sempre que for prejuízo indique o valor com o sinal negativo (-) na frente.   

O lucro com opções tem isenção?

Não, todo lucro com opções é tributado. A regra de isenção para os ganhos líquidos auferidos por pessoa física – para alienações realizadas em cada mês cuja soma seja inferior a R$ 20 mil – é válida exclusivamente para operações no mercado à vista de ações.

Os ganhos líquidos com opções em operações comuns, estão sujeitos a imposto de renda sob a alíquota de 15% ou 20% quando obtidos com operações day-trade.

Ganhos com operações de opções de ações conjugadas (compra e venda juntas – conhecidas como Box) devem ser declarados separadamente na Ficha “Rendimento Sujeitos à Tributação Exclusiva/Definitiva”, com código “06 – Rendimentos de aplicações financeiras”.

Ao declarar opções no IR é possível compensar prejuízos?

Sim. Para fins de apuração e pagamento do imposto mensal sobre os ganhos líquidos, as perdas incorridas no mercado de opções poderão ser compensadas com os ganhos auferidos, no próprio mês ou nos meses subsequentes, em qualquer ativo de renda variável, como operações realizadas nos mercados à vista, de opções, futuro e a termo.

Contudo, sempre respeitando o tipo de operação: no caso de perdas com operações de day trade, somente poderão ser compensadas com ganhos líquidos auferidos em operações da mesma espécie (day trade), realizadas no mês ou meses subsequentes.

Do mesmo modo, as perdas incorridas em operações comuns somente são compensáveis com os ganhos líquidos auferidos nessas operações.

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